Pouca gente que eu conheço lidou com a mesma quantidade de pessoas e situações diferentes na vida como eu. Não estou me gabando, ainda que me orgulhe muito disso. Sou uma pessoa melhor, por ter aceitado e convivido com essa pluralidade de pessoas.
Mas, ao mesmo tempo, sou mais triste e cética. Por mais que digam que o mundo está evoluindo para sanar essas diferenças, ainda vejo muita gente presa a preconceitos de raça/cor/religião/gênero/sexualidade que não deviam mais se sustentar. E ainda que estejamos nos movendo em direção a um mundo mais igual, a medida que respeita as desigualdades, se nos deparamos, no dia-dia, com discriminação me sinto como um soldado que vê um colega seu ser morto em combate. É mais uma baixa, cada vez que eu preciso de alguém para apertar a merda do botão do elevador, que eu não alcanço, de uma repartição pública que tinha que zelar pelo cumprimento das leis que determinam que os ambientes sejam acessíveis.
Ou como um soldado que perde o sentido da audição quando uma bomba estoura, cada vez que eu reclamo de algo e as pessoas só balançam a cabeça assentindo feito zumbis sem senso crítico.
Ou ainda como se eu estivesse tendo alucinações de um Neurótico de Guerra, ao discutir a homofobia de Marcelo Dourado no BBB e a pessoa afirmar veementemente que o comportamento dele é o mais correto e aceitável, e nada tem de homofóbico.
O problema é que eu não posso abandonar essa guerra, sob pena de ser considerada desertora por mim mesma. Tenho que continuar aqui, sinalizando as diferenças, para que elas não sejam minimizadas ou rotuladas, para que o mundo possa ser realmente mais plural e generoso com todos aqueles que, na batalha do dia-dia não esquecem que: "Ser diferente, é normal. Mesmo porque, ninguém é igual."

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