Nasceu numa caverna. Tinha vista pro Vale e um lago azul, onde a luz batia às 11:43. Lindo lá, tinha muita coisa, mas ainda assim era uma caverna. E as outras crianças vinham lhe visitar, por volta das 11:30, aproveitar o lago, curtir, rir com ela que sempre foi engraçada.
Mas nos tempos de festivais, onde era preciso ir até o Vale para ouvir a música e sentir os cheiros das comidas feitas para os Deuses, as outras iam e a Menina continuava na Caverna, não podia sair. Seus pais traziam as mais belas flores, o que a deixava muito contente.
Mas os festivais foram se intensificando, ela foi crescendo, mergulhada em seus hobbies na caverna. Entrando em contato com o mundo pela caverna, por pássaros, morcegos e cartas. Enquanto as outras crianças corriam por aí, em busca de tudo que ela sabia que existia, embora não pudesse tocar.
Todos cresceram, ela e as crianças. Hoje, adultas, querem retornar à sua caverna. Ela, sente-se mal, pensa que deveria acolhê-los, mostrar-lhes os segredos e prazeres da caverna. Mas, ao mesmo, percebe que aquelas viagens feitas pelos outros mudou muito. Outras gírias, novos modos. Sua caverna foi moldada, todos esses anos, de maneira que ela pudesse ser feliz ali. Fica difícil deixar essa gente toda entrar. Desconfortável até. Não queria que a julgassem mal. Mas ela preferia, de verdade, que deixassem ela curtir a Caverna em paz, afinal, faz anos que ela luta por isso. Vão curtir seus Vales.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Yoko